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quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Cervejarias - Montanhesa, Santo Antônio do Pinhal, SP

No último final de semana de setembro, já formado Sommelier de Cervejas, acompanhei uma brassagem na Montanhesa, em Santo Antônio do Pinhal, SP. A micro-cervejaria fica no Sítio Gralha Azul e pertence ao Alexander, que se formou Sommelier de Cervejas na mesma turma que eu, no Senac São José dos Campos. A brassagem foi coletiva e contou com a participação de toda a turma do curso (ou quase toda). A Montanhesa ainda não está funcionando oficialmente, mas o Alexander já vem fazendo algumas brassagens por lá, testando e afinando receitas. E a experiência foi ótima!
Primeiro, por ter sido a primeira brassagem que acompanhei e participei. Segundo, por todo o conjunto da obra. Não poderíamos encerrar o curso de maneira melhor e mais divertida. Acompanhar cada fase da produção de uma cerveja, ao vivo, é uma experiência incrível e eu recomendo a todos os amantes de boa cerveja.
Além disso, foi uma experiência que proporcionou uma verdadeira viagem no tempo-espaço. Acompanhar aquela brassagem, em plena Serra da Mantiqueira, com aquele ambiente "camponês" parece nos conectar com a origem rural da cerveja. Mais ainda: quando ouvimos o Alex explanar sobre a sua filosofia de vida e trabalho, essa sensação aumenta. A começar pela proposta do Síto Gralha Azul em si, de produzir os mais diversos alimentos com respeito ao meio ambiente, de forma natural e orgânica. Em segundo lugar, pelo cuidado e organização do lugar: tudo limpo, arrumado, organizado e funcionando em ordem. Terceiro, pela produção de uma cerveja sem sonhos megalomaníacos de exportar para o mundo todo, mas procurando ser um produto local, feito com qualidade e alma, para apreciadores de uma boa cerveja.
Pareceu uma viagem à Europa e sua vida rural. Produção com qualidade, integração com o campo, com as mudanças da natureza, as estações do ano...
E pra melhorar, foi tudo regado a cerveja boa (incluindo aí a Abati, uma blond ale produzida pela Montanhesa), comida boa e um bom papo entre amigos e colegas de sommelieria. Tudo isso, num clima familiar muito gostoso (com a presença das esposas de muitos de nós, inclusive a Laura, esposa do Alex, e suas três filhas lindas, supersimpáticas e educadas Serena, Gaia e Valentina).
 O visual do Síto Gralha Azul ( a Pedra do Baú ao fundo)
Rapaziada moendo malte

Site do Sítio Gralha Azul: sitiogralhaazul.net

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Cervejarias: Bamberg - Votorantim, SP

Em julho deste ano tive a oportunidade, com a turma do curso de Sommelier de Cervejas do Senac São José dos Campos (SP) e o professor Zé Márcio, de visitar a Cervejaria Bamberg, em Votorantim (SP).
Na fábrica, fomos recebidos pelo sócio-proprietário e mestre cervejeiro Alexandre Bazzo, que se encarregou de uma ótima aula sobre processo de produção de cervejas, sobre a Bamberg, sua filosofia de trabalho e cultura cervejeira, em geral. Foi uma experiência única. Ainda mais para mim, que fazia minha primeira visita a uma cervejaria.
Logo de cara, fomos apresentados ao processo de produção cervejeiro, matérias-primas e a história da cervejaria Bamberg.
Uma das coisas que mais chamou minha atenção foi o acesso que tivemos a toda a fábrica: fotografias liberadas; perguntas, então, nem se fala... Sem medo de "espionagem", Alexandre Bazzo liberou tudo. Essa liberdade que nos foi dada é fácil de entender: a Bamberg trava um fecundo intercâmbio com cervejeiros da cidade alemã de Bamberg (em homenagem à qual a cervejaria  foi batizada). Enfim, fica claro que o know-how faz toda a diferença no ramo das cervejarias.
Também chama a atenção o cuidado e controle sobre todo o processo. Enquanto nos guiava pelos tanques de fermentação, Bazzo várias vezes orientou os funcionários sobre ajustes a se fazer.
Alexandre Bazzo dando uma aula sobre processo de produção cervejeira

Filosofia

A proposta da Bamberg é ser uma micro-cervejaria. Assim como acontece na Alemanha, a filosofia de trabalho orienta-se pela qualidade, privilegiando a distribuição local dos produtos. Não para restringir o acesso de regiões mais distantes às cervejas Bamberg, mas pelo fato de que uma cerveja que "viaja" menos desgasta-se menos e mantém sua qualidade por mais tempo. Na Bamberg, vivencia-se a tão falada cultura cervejeira. O apelo é pelo consumo de qualidade e não de quantidade.

Visão geral da Bamberg

Parte chata da visita



A dor do parto

Sair de perto dos tanques de fermentação, dos quais pudemos provar o conteúdo, é difícil. Mas é uma tarefa que fica mais fácil com uma passadinha na loja da fábrica e em restaurantes da região que servem chope Bamberg. Ao final do dia, voltamos todos muito mais felizes do que havíamos chegado... e com gostinho de quero mais...
Saúde.

Uma passadinha na loja, ao final da visita, é obrigatória


Para acessar o site da cervejaria Bamberg: www.cervejariabamberg.com.br

segunda-feira, 16 de julho de 2012

"Beba menos. Beba melhor" - mudanças de hábitos na mesa (e no copo) dos brasileiros

"A cerveja produzida com amor é bebida com parcimônia."

Esse é um dos princípios da produção das famosas cervejas trapistas belgas. Mas é uma ideia que também se aplica a outras cervejas, talvez não tão famigeradas como as belgas. Aqui no Brasil, temos esse lema traduzido em outras palavras:

"Beba menos. Beba melhor."

Quem está habituado com as chamadas cervejas especiais já deve ter visto essa expressão em alguns rótulos. E estas duas frases guardam uma ideia muito grande e cheia de significados.
Em primeiro lugar, você não vai encontrar essa ideia estampada nos rótulos das cervejas de grande mercado, produzidas em grande (enorme) escala. Não. Estas marcas associam, quase sempre, seus produtos ao grande consumo, com campanhas publicitárias que recorrem ao apelo sexual (e machista) e de sedução. Dizer para o seu consumidor "- Beba menos." é impensável para essas gigantes detentoras de mais de 98% do mercado cervejeiro brasileiro.
Essa não é a realidade das microcervejarias (micro, pequenas, nanos), que estão, no Brasil, ensaiando um grande crescimento. Crescentes em quantidade desde a segunda metade da década de 90, as microcervejarias e o mercado de cervejas especiais começa a definir, também, uma filosofia.
Não acredito que haja uma uniformidade e união harmoniosa entre todas as microcervejarias. Mas, pode-se dizer, que, a partir de algumas iniciativas um mesmo discurso começa a ser elaborado. Para essas cervejarias, cerveja não deve ser consumida sem se pensar, somente. No mundo das cervejas especiais, as cervejas não são todas iguais. Existe uma diversidade enorme e, a cada novo rótulo que o consumidor descobre, descobre também novas experiências gustativas, sensoriais, gastronômicas. Cerveja, para essa nova proposta, não precisa ser consumida "estupidamente gelada", somente. Também não é preciso estar na beira da praia, cercado de mulheres semi-nuas para haver motivo para uma boa cerveja. A cerveja pode estar presente numa celebração e também em um momento familiar. Naquele restaurante fino, de alta gastronomia, harmonizando com pratos rebuscados, ou na sobremesa, ou, até mesmo, acompanhando aquele hambúrguer caprichado, numa lanchonete bacana, por exemplo. E ainda há cervejas que caem muito bem naqueles momentos especiais, que podem substituir, se for o seu gosto, até o famoso champanhe...
Como já foi dito acima, as cervejarias com essa proposta não chegam a ocupar 2% do mercado cervejeiro nacional. Em países como os Estados Unidos, já ocupam um espaço um pouco maior. Aqui, ainda podem crescer muito. Mas esse é um processo de mudança cultural, que leva certo tempo a se consolidar. O poder aquisitivo do brasileiro médio tem crescido. Com ele, produtos que antes eram vistos como rebuscados, caros ou muito chiques, estão mais acessíveis a muita gente. No caso da cerveja, podemos ter esperança: quem prova de uma boa cerveja dificilmente não se apaixona... é só experimentar, e embarcar nessas novas sensações.