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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Locais de cultura cervejeira: Empório Hopfields, São José dos Campos - SP

Depois de algum tempo sem escrever aqui, volto a falar do nosso mundo cervejeiro. E, hoje, vou iniciar uma espécie de nova coluna no blog, apresentando alguns lugares que considero verdadeiros propagadores da cultura cervejeira.
Hoje temos boas micro-cervejarias e cervejarias artesanais produzindo e propagando a cultura cervejeira por aí. Mas não é só dos produtores que se faz esse avanço cultural. O setor cervejeiro vem se organizando no Brasil, ganhando espaço e capilaridade. Graças aos cursos de formação de Sommelier de Cervejas, como o curso do Senac-SP, pelo qual me formei, existem profissionais capacitados para levar a cultura cervejeira até o consumidor final. E isso, vale destacar, é uma tarefa complexa: traduzir conhecimentos técnicos, específicos, sobre estilos de cerveja e processos de fabricação em experiências gastronômicas prazerosas.
Mesmo sendo tarefa difícil, há quem a realize com muita qualidade. E o exemplo de hoje é o Empório Hopfields, em São José dos Campos. Na casa, inaugurada em 2012, pode se encontrar uma combinação aconchegante de cultura cervejeira (as tradições alemãs, belgas, britânicas) com o sotaque brasileiro, em específico, o sotaque mineiro, do Sommelier de Cervejas Celso Oliveira e da "tia" Neusa, que toca a cozinha. A decoração rústica e a atenção individualizada do Celso faz a gente se sentir em uma casa do interior, ainda mais quando chegam os petiscos bem brasileiros como pão de queijo recheado com pernil, pra acompanhar aquela cerveja escolhida a dedo dentre os diversos rótulos do Hopfields.
O que me chama mais a atenção é, justamente, esse casamento entre e a cultura cervejeira e a nossa cultura brasileira. A experimentação na mistura de sabores brasileiros com os lúpulos e maltes proporciona bons momentos. Mais do que isso, parece ser uma boa iniciativa, que se soma a outras que ocorrem hoje no país, na direção da consolidação de uma cultura cervejeira, ou uma escola cervejeira brasileira. Uma vez que a gastronomia nacional é valorizada e potencializada em conjunto com as cervejas.
Pra mim, fica a certeza de que não se precisa de projetos gigantescos para que a cultura cervejeira ganhe destaque no Brasil e se desenvolva. Iniciativas menores, com alcance local, como o Hopfields, servem e muito para apresentar ao público em geral (e não só aos já "iniciados") o mundo cervejeiro e seus prazeres.

Pra quem quiser conhecer mais, recomendo que acesse a página do Empório Hopfields no Facebook, clicando aqui.

O Empório fica na Rua Elisa Costa Santos, 200, Jd São Dimas, São José dos Campos-SP

segunda-feira, 16 de julho de 2012

"Beba menos. Beba melhor" - mudanças de hábitos na mesa (e no copo) dos brasileiros

"A cerveja produzida com amor é bebida com parcimônia."

Esse é um dos princípios da produção das famosas cervejas trapistas belgas. Mas é uma ideia que também se aplica a outras cervejas, talvez não tão famigeradas como as belgas. Aqui no Brasil, temos esse lema traduzido em outras palavras:

"Beba menos. Beba melhor."

Quem está habituado com as chamadas cervejas especiais já deve ter visto essa expressão em alguns rótulos. E estas duas frases guardam uma ideia muito grande e cheia de significados.
Em primeiro lugar, você não vai encontrar essa ideia estampada nos rótulos das cervejas de grande mercado, produzidas em grande (enorme) escala. Não. Estas marcas associam, quase sempre, seus produtos ao grande consumo, com campanhas publicitárias que recorrem ao apelo sexual (e machista) e de sedução. Dizer para o seu consumidor "- Beba menos." é impensável para essas gigantes detentoras de mais de 98% do mercado cervejeiro brasileiro.
Essa não é a realidade das microcervejarias (micro, pequenas, nanos), que estão, no Brasil, ensaiando um grande crescimento. Crescentes em quantidade desde a segunda metade da década de 90, as microcervejarias e o mercado de cervejas especiais começa a definir, também, uma filosofia.
Não acredito que haja uma uniformidade e união harmoniosa entre todas as microcervejarias. Mas, pode-se dizer, que, a partir de algumas iniciativas um mesmo discurso começa a ser elaborado. Para essas cervejarias, cerveja não deve ser consumida sem se pensar, somente. No mundo das cervejas especiais, as cervejas não são todas iguais. Existe uma diversidade enorme e, a cada novo rótulo que o consumidor descobre, descobre também novas experiências gustativas, sensoriais, gastronômicas. Cerveja, para essa nova proposta, não precisa ser consumida "estupidamente gelada", somente. Também não é preciso estar na beira da praia, cercado de mulheres semi-nuas para haver motivo para uma boa cerveja. A cerveja pode estar presente numa celebração e também em um momento familiar. Naquele restaurante fino, de alta gastronomia, harmonizando com pratos rebuscados, ou na sobremesa, ou, até mesmo, acompanhando aquele hambúrguer caprichado, numa lanchonete bacana, por exemplo. E ainda há cervejas que caem muito bem naqueles momentos especiais, que podem substituir, se for o seu gosto, até o famoso champanhe...
Como já foi dito acima, as cervejarias com essa proposta não chegam a ocupar 2% do mercado cervejeiro nacional. Em países como os Estados Unidos, já ocupam um espaço um pouco maior. Aqui, ainda podem crescer muito. Mas esse é um processo de mudança cultural, que leva certo tempo a se consolidar. O poder aquisitivo do brasileiro médio tem crescido. Com ele, produtos que antes eram vistos como rebuscados, caros ou muito chiques, estão mais acessíveis a muita gente. No caso da cerveja, podemos ter esperança: quem prova de uma boa cerveja dificilmente não se apaixona... é só experimentar, e embarcar nessas novas sensações.