terça-feira, 14 de agosto de 2012

Cerveja, História e Religião

A cerveja é uma bebida produzida a partir de grãos. Assim, sua origem, segundo historiadores, está ligada às civilizações que conseguiram dominar a agricultura, no período chamado de Revolução Agrícola. O que aconteceu nesse período, na prática, foi que os homens (muito provavelmente, as mulheres) compreenderam a técnica necessária para se plantar e colher alimentos. Até esse momento, o homem era nômade, ou semi-nômade, caçando animais e coletando os alimentos necessários à sua sobrevivência, mudando-se quando estes se esgotavam.As primeiras civilizações surgiram daí. Com o homem fixado, a população cresceu, surgiram as primeiras cidades e estruturas hierárquicas de poder. Provavelmente, em um "acidente", grãos armazenados sem proteção devem ter passado pelos processos de malteação e fermentação, dando origem à cerveja.
Entre esses povos, o sucesso da colheita era, também, a sobrevivência de todo o grupo. Por isso, entre essas civilizações é comum a presença de cultos, deuses e divindades ligados à virilidade, à reprodução, à fertilidade. Não se trata só da conotação sexual de tais ideias, mas também da perspectiva natural que elas têm: o homem que fecunda a terra; a terra que é fértil e produz o alimento; a vida que se reproduz. Vários momentos do ano, ligados à mudança de estações, aos períodos de colheita tornaram-se motivos de festas e festivais religiosos. Esses festivais pagãos foram, com o passar dos séculos, incorporados às tradições cristãs. Acontece que a cerveja deve ter adquirido um papel importante nesses ritos e festividades, que acabou permanecendo, mesmo com as mudanças religiosas.
É por isso que vemos a existência de vários rótulos e estilos de cervejas que são feitos em momentos específicos do ano. Um bom exemplo, são as cervejas DoppelBock. Originárias da cidade de Einbeck, na Alemanha, eram produzidas na segunda quinzena de março, período em que há o equinócio de primavera no hemisfério norte (fim do inverno e começo da primavera) e o dia de São José. Nesse período, os sacerdotes passavam por jejuns, em que não podiam comer nada durante o dia. Contudo, beber não estava entre as proibições. Para isso, uma cerveja forte era preparada.
Esse ano tivemos um resgate dessa tradição, realizado pelas cervejarias Bamberg e Abadessa, como já publiquei aqui, em maio desse ano (http://www.belogole.blogspot.com.br/2012/05/starkbierzeit-2012-bamberg-e-abadessa.html).
Como se pode ver, o consumo da cerveja sempre esteve ligado a uma ritualização. Nada mais justo que valorizemos essa forma de consumo. Cada um pode criar o seu "ritual", desde a escolha do rótulo, o momento certo para degustá-lo, a companhia ideal para celebrar até o momento do consumo propriamente dito. Em outras postagens tentarei trazer mais algumas informações sobre a Cerveja ao longo da História.